Gregos
A civilização grega surge na península do Peloponeso, no século IX AC. Em uma fase anterior, mencionamos a existência da civilização minoica (3.000/1.500 AC), situada na ilha de Creta, ao sul da península grega, excelente ponto de contato com a Ásia Menor, Egito e o eixo extremo oriental do Mediterrâneo. Também a civilização micênica (1.600/1.100 AC), no sudeste do continente, é relevante neste período, por que foi daí que surgiram as bases do mundo grego.
A arquitetura minoica caracteriza-se pelas cidades, cujas estruturas lembram o sistema cidade-estado helênica, e pelos palácios, dentre os quais se destaca o de Cnossos, conhecido como o palácio do Minotauro. Os palácios organizam-se de dentro para fora a partir de um pátio central, em torno do qual estão dispostos os diversos cômodos. Apesar de não haver preocupação com a fachada exterior, as paredes internas cobertas de pássaros e peixes exibem um colorido abundante que integra arquitetura e pintura. Quanto aos objetos, os talhados em pedra de uso cotidiano cedem lugar às cerâmicas pintadas com motivos abstratos, originando o estilo Kamarés.
Já a arquitetura micênica destaca-se pelo caráter urbano dos seus principais centros (Micenas, Tirinto, Pilos e Atenas), cujo ápice coincide com as monumentais sepulturas das famílias reais, geralmente edificadas nas colinas. A ourivesaria e as artes menores tendem às formas geométricas ou aos elementos naturais. Também as produções em barro (figuras e estatuetas) podem ser incluídas no elenco de obras de arte desta fase.
Após o desmoronamento do mundo micênico, a civilização grega começa a adquirir contornos do que viria a ser conhecido por nós como o berço da civilização ocidental. Em termos artísticos, desenvolvem-se diversos estilos nesse período:
Estilo geométrico (900 a 700 AC.), caracterizado principalmente pelo uso das cerâmicas decoradas com desenhos abstratos que, aos poucos, vão cedendo lugar às figuras humanas e animais.
Estilo arcaico (700 a 480 AC), fortemente influenciado pelos egípcios, é marcado pelas pinturas narrativas em vasos de fundo preto, ou branco, que aos poucos se desvencilham da vista de perfil egípcia e adquirem tridimensionalidade (escorço). Nesta fase, as estátuas masculinas (koros) e as femininas (koré) assemelham-se à forma cúbica, excessivamente rígida, privilegiando a frontalidade. Uma vez liberta da pedra inerte a figura adquire autonomia, aproximando-se cada vez mais do modelo que ela quer representar.
Estilo clássico (480 a 323 AC), caracterizado pelo segredo das esculturas de figuras que “ficam em pé”, sem dificuldades, acentuando o caráter de organismo vivo. Com o passar do tempo, as figuras vão adquirindo contornos mais arredondados, articulados e menos rígidos. Nesse momento é importante realçar que os gregos não querem reproduzir a natureza, mas “enobrecer” a realidade, aperfeiçoá-la. Ex. Efebo de Crítios, 480 AC – Poseidon, 460/450 AC.
Estilo helenístico (323 AC a 146 AC), que mostra uma expressividade mais acentuada, percebida no drapejamento das vestes e no movimento das figuras que nesse momento podem ser circundadas pelo espectador. Os retratos individuais começam a surgir nesse período. Ex. Hermes, de Praxíteles, 330/320 AC – Vitória de Samotrácia, 200/190 AC.
Note-se que arte grega é fortemente marcada pela presença das esculturas e da arquitetura.
As esculturas gregas baseiam-se na observação da figura humana e nas leis das proporções. Os modelos escultóricos, que visam à perfeição, representam o ideal de beleza que os gregos querem alcançar. Portanto, não se trata de realismo, mas de um naturalismo que pretende a materialização de um ideal.
Quanto aos templos gregos, podemos classificar três ordens arquitetônicas básicas a partir do séc. V AC: dórica, jônica e coríntia. Em geral, os templos são caracterizados pela existência de uma nave central retangular, cercada por colunas em pedra ou mármore. A forma da coluna é o que diferencia as ordens mencionadas. Os templos geralmente são muito simples, projetados para serem vistos de fora, o que desvaloriza seu aspecto interior que geralmente abriga a estátua de um deus. O trompe l’oeil é aperfeiçoado na coluna que se alarga na parte central, bem como nos degraus dos templos que apresentam ligeira curvatura descendente nas pontas laterais.
A pintura grega refere-se à decoração dos vasos de cerâmica, das urnas funerárias e dos painéis em mosaico. Em especial destaque as pinturas murais e mosaicos das casas nas cidades de Pompeia e Herculano, ambas sepultadas pelas cinzas do Vesúvio, em 79 D.C. Nas pinturas, os artistas gregos que migram para a Itália elaboram livremente desenhos inspirados nas grandes invenções dos helênicos, demonstrando capacidade de exprimir sentimentos nas figuras e destreza na elaboração das paisagens e naturezas-mortas.