Pop
A arte pop tem dois centros principais: um na Europa, mais precisamente na Inglaterra, e outro nos Estados Unidos, em Nova York. A primeira obra pop, denominada “O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes?”, foi realizada na Inglaterra, em 1964. Trata-se de uma colagem composta de imagens populares, de autoria de Richard Hamilton. Ainda na Inglaterra, na década de 1960, o pintor pop Allen Jones se interessa especialmente pela metamorfose da imagem, a exemplo dos primeiros surrealistas.
Em Nova York, na década de 1950, as experiências artísticas de Robert Rauschenberg e Jasper Johns são importantes para a Pop americana, que lida inicialmente com a resistência do público ainda fascinado pela arte expressionista abstrata. Aos poucos, a pop estabelece bases sólidas nos Estados Unidos, a partir da descrição do ambiente consumista e da mentalidade da população de massa, afeita à técnica agressiva da propaganda. Há um forte vínculo da Pop com a arte europeia, mais precisamente com o Dadá do início do século XX. Mas a grande diferença é em relação à positividade proposta pela Pop, inversa ao Dadá que adota uma atitude antiarte, ou seja, radicalmente contra tudo aquilo que antes havia sido chamado de arte.
A Pop incorpora o fato de que a maioria das coisas que utilizamos é feita aos milhares, sendo descartáveis e valorizadas pela função que desempenham. Tal como o Dadá no início do século XX, o artista pop escolhe a imagem e o objeto que já estão despersonalizados, seja o rótulo de uma lata, uma foto de revista ou um maço de cigarros, sempre evitando o que é particular em uma imagem universalmente conhecida.
De acordo com este pensamento, o artista Andy Warhol quer destruir qualquer vestígio de arte manual, em trabalhos feitos a partir de imagens fotográficas transferidas para a tela através da técnica da serigrafia (ou silk-screen). O que Warhol pretende é chamar a atenção para aquilo que nos é familiar, tal como embalagens de sopa, garrafas de Coca-Cola, rostos de ídolos ou políticos, e nos devolve tudo isso separado do contexto. Vistas pela primeira vez em um circuito de arte, as imagens de Warhol possibilitam a reflexão sobre a existência do homem na contemporaneidade, prisioneiro do consumo e do modo de vida automatizado.
Diversamente de Warhol, o artista Roy Lichtenstein pinta ampliações de histórias em quadrinhos, destacando a retícula dos quadros de modo a deixar bem claro o processo de impressão representado manualmente pelo artista. Por sua vez, Jim Dine combina objetos reais com superfícies livremente pintadas, com cores que remetem à paleta europeia. Já Claes Oldenburg cria objetos que surpreendem pelo tamanho, textura ou material, como por exemplo, seus hambúrgueres gigantes de pano e gesso. São também considerados pop os artistas Robert Indiana e James Rosenquist, que utilizam fragmentos de imagens que se tornam quase abstratas quando reconstruídas, a exemplo de Stuart Davis, que já produzia telas baseadas em pedaços de embalagens banais.
O que estes artistas têm em comum, apesar das diferenças de linguagem, é o foco no modo de vida das cidades modernas, refletindo a vida da massa aprisionada na cultura. Logo, fazer obras pop, num certo sentido, também é aceitar o processo de industrialização ao qual o próprio artista está submetido. E se tudo na arte pop tende a ser transitório, provisório, o público é levado a refletir sobre a própria sociedade na qual está inserido, com seus produtos descartáveis que atestam o poder de compra através do bombardeio de imagens superficiais, repetitivas e ininterruptamente veiculadas pela mídia.