Africanos tribais

Os objetos produzidos pelos povos que habitam o continente africano foram utilizados em ritos tribais, desde há cerca de 5.000 anos. Estes objetos, cuja criação coletiva prescinde de data ou autoria, envolvem desde o realizador da obra até as autoridades da aldeia. Como resultado, eles não adquirem apenas função decorativa, mas são impregnados de significados religiosos, sociais e mágicos, devendo curar, proteger, amaldiçoar ou educar os indivíduos dentro de uma comunidade. São máscaras, estátuas e objetos que, desconectados das funções às quais se destinam, ou mesmo desprovidos dos acessórios que os complementam, quando expostos nos museus e nas galerias ocidentais denotam apenas um caráter etnográfico e estético, longe do seu real significado.

Autenticar um objeto artístico de origem tribal africana é um processo complexo, mas prioritariamente a autenticação diz respeito à criação e utilização desses objetos durante os ritos – referidos aos nascimentos, passagens à idade adulta, casamentos, funerais ou até conflitos por posse de território. Dentre as muitas tribos localizadas no continente africano, observamos as diferenças entre as várias regiões, cada uma com suas particularidades formais e intencionais. O ponto comum entre elas, pelo menos no que diz respeito às esculturas e máscaras, é a criação através da adição de fragmentos, que muitas vezes se aproximam das formas geométricas. Os materiais utilizados variam entre madeira, marfim, couro, fibras, cabelo, conchas, metal, pérolas, ouro e possíveis pedras preciosas encontradas no local de origem. Apesar do uso de instrumentos rudimentares são realizados objetos que demonstram uma técnica apuradíssima, aproximando-se das ideias que pretendem transmitir.

É possível atribuir um caráter morfológico e estrutural às máscaras africanas, já que elas associam o que se vê e o que se lê da face a partir de cilindros, retângulos e triângulos, funcionando em conjunto por analogia. Uma outra interpretação possível atribui às máscaras e esculturas africanas uma função religiosa que integra, de modo não dualista, interior e exterior.  Ao concentrar no objeto a sua funcionalidade, as máscaras não representariam o deus, ou seja, não teriam apenas um caráter simbólico, mas seriam o próprio deus, correspondendo ao motivo para o qual elas foram criadas.

O desconhecimento da cultura negra por parte dos europeus durante anos relacionou a produção africana ao exotismo. Só a partir do final da década de 1870, com a presença das exposições científicas francesas, inglesas e alemãs, na África e na Oceania, e a consequente fundação dos museus etnográficos na Europa, ocorre o reconhecimento da qualidade artística dos objetos africanos por Vlaminck, Matisse, Dérain, Picasso e Braque, responsáveis pela grande revolução na arte europeia do início do século XX, repercutindo até hoje nas obras de vários artistas.

Vídeos

Arte africana tradição e contemporaneidade
Ver vídeo

Ritual voodoo no Benin.
Ver vídeo

Dança ritual na Costa do Marfim.
Ver vídeo

Dança das máscaras (Dogon).
Ver vídeo

Arte tribal.
Ver vídeo

Entalhe de máscaras.
Ver vídeo

Máscaras étnicas Tshokwe, Songye e Kongu.
Ver vídeo

Artesanato africano.
Ver vídeo

Máscaras Gnoumou.
Ver vídeo

Máscaras tribais.
Ver vídeo