Pintura

A pintura, que é uma das mais antigas manifestações artísticas do ser humano, desde o período paleolítico consiste na aplicação de pigmentos em forma líquida sobre uma superfície qualquer. Inicialmente os pigmentos eram minerais, feitos de terra e carvão, ou animais, a partir do próprio sangue. Os instrumentos utilizados eram basicamente pincéis feitos de crina, ou pequenos tubos de ossos que permitiam a armazenagem da tinta no seu interior.

Os componentes dos pigmentos desde então se expandiram para outros extratos minerais, e até para produtos sintéticos. A base da tinta também variou para os aglutinantes e o óleo. Os suportes se ampliaram, além da primeira superfície rochosa para o papel, madeira, tela, tecidos, paredes, muros, etc. Hoje há controvérsias em relação à definição de pintura, visto que, com a evolução da tecnologia, especialmente a digital, o ato de pintar não necessariamente se restringe à pigmentação em forma líquida de uma superfície.

Desde a representação dos animais no período paleolítico, muitos temas foram abordados através da pintura, desde as narrativas de costumes, ou religiosas, até as paisagens, naturezas-mortas, retratos e fatos históricos. Na arte moderna e contemporânea, que não necessariamente visa representar o mundo que se vê, a abstração e a cor na pintura muitas vezes quer revelar um sentimento, ou uma ideia, na busca de conexão mais imediata com o espectador.

Pintura acrílica

A tinta acrílica é uma invenção relativamente recente, tendo sido desenvolvida na década de 1950. É considerada uma grande inovação pela sua versatilidade, já que pode ser aplicada como cor pura, da mesma forma que a tinta a óleo, ou em camadas quase transparentes, como a aquarela. Por serem sintéticas, as cores pintadas com tinta acrílica quase não sofrem alterações químicas que possam prejudicá-las com o tempo. Outra característica da tinta acrílica é a secagem rápida, que permite a sobreposição de cores. Por outro lado, a rapidez da secagem não permite que eventuais correções sejam feitas a tempo. Dentre as vantagens, há o fato de que a tinta acrílica é bem mais econômica, podendo ser aplicada em superfícies diversas.

Pintura em afresco

O afresco é uma técnica que ocorre enquanto o esboço da imagem está úmido, ou fresco, daí o nome. Feita com pigmentos à base de água, essa técnica consiste na aplicação da tinta sobre uma argamassa de cal queimada e areia. Quando essa superfície seca, ela firma a cor que se funde com ela. Por isso a execução precisa ser rápida, quase sempre com pinceladas visíveis e traçados mais grossos.

O afresco tem boa durabilidade em locais onde o clima é seco. Supõe-se que seja originário da ilha de Creta, entre 2.500 A.C. e 1.100 A.C., mas também foi bastante utilizado na China, na Índia, no norte da Europa e nas demais regiões mediterrâneas.

Pintura em aquarela

A aquarela é uma técnica de pintura na qual os pigmentos estão dissolvidos, ou suspensos, na água. São vários os suportes utilizados na aquarela, sendo o mais comum o papel de alta gramatura. Outros suportes possíveis são: o couro, o plástico, a madeira, o tecido, o papiro e a tela.

Os recursos da pintura em aquarela variam, dentre eles: aplicação de uma aguada e depois outra, antes que a primeira seque, criando borrões; intensificação dos tons suaves a partir de pinceladas superpostas; aplicação de contornos nítidos no papel mais seco; cobertura de uma parte da imagem pintada com máscara adesivada; risco na camada de tinta seca, descobrindo o papel de forma parcial; fricção de uma camada de tinta seca, fazendo aparecer camadas mais profundas; borrifo da superfície com uma escova ou ferramenta similar.

Pintura com encáustica

Técnica a partir da mistura de cera quente e derretida com pigmento, geralmente aplicada sobre uma superfície de madeira ou cerâmica. A tinta acrescida da cera torna-se macia com o calor, criando densidades, texturas, relevos, sobreposições e transparências. Além disso possui ótima durabilidade. A técnica exige destreza, uma vez que é necessário o controle preciso de temperatura do material aplicado na superfície.

Pintura com guache

A palavra guache se origina do italiano “guazzo”, que significa tinta de água. Apesar de o termo ter sido criado na França do século XVIII, a técnica é bem mais antiga, datando do século XVI.

A pintura em guache é parecida com a aquarela, mas possui consistência opaca e mais densa por causa da adição de pigmento branco e da goma arábica servindo de aglutinante. Por isso, as cores do guache costumam ser mais fortes e com menos transparência do que aquelas produzidas pela aquarela.

Por ocasião da sua aplicação muito densa, a tinta guache pode ocasionar rachaduras. Além disso, a cor sempre será um pouco mais escura quando molhada, o que pode tornar a combinação menos precisa.

Pintura a óleo

Trata-se de uma técnica inventada no século XV durante o período renascentista, a partir de mistura do pigmento com óleo de linhaça ou papoula. Espátulas ou pincéis são as ferramentas usadas para aplicar a tinta no suporte, geralmente de madeira ou tecido.

Quando diluída, a tinta a óleo pode se tornar semelhante à tinta de aquarela. Se aplicada na forma pura, alcança níveis de intensidade consideráveis. A pintura é aplicada em camadas, sendo que a segunda camada deve estar sobreposta à outra camada seca. Com o passar dos anos, ela tende a adquirir aparência quebradiça ou escura, o que representa uma possível desvantagem em relação às outras técnicas de pintura.

Pintura em têmpera

Muito utilizada desde a Antiguidade, inclusive pelos egípcios, a têmpera é uma técnica que mistura a emulsão de água aos pigmentos e ao aglutinante: clara de ovo, cola ou leite. As cores produzidas por essa técnica são translúcidas e brilhantes, com secagem muito rápida, o que dificulta a gradação de tons. Pontos ou linhas podem ser acrescentados na pintura seca. A aplicação do verniz proporciona cor e brilho à pintura que pode ser mais ou menos diluída.

Esta técnica teve grande importância na Itália, durante os séculos XIV e XV, quando era aplicada em painéis ou paredes de madeira preparada com gesso. Atualmente essa técnica é raramente utilizada.

Shodo

A palavra shodo, de origem japonesa, significa “caminho da escrita”. Trata-se de uma pintura caligráfica que relaciona a habilidade do pintor ao manejo do pincel e da tinta sobre o papel. Geralmente são elaborados com essa técnica poemas curtos, caracteres individuais ou palavras. As pinceladas fortes ou leves são definidas pela pressão no papel, enquanto que a cor da tinta deriva da diluição na água. Também é importante considerar os intervalos entre os traços, tudo isso em função do sentido da palavra e da expressividade do artista.

A prática do shodo teve início em 1.300 A.C. na China, durante a dinastia Yin. No Japão, o shodo começou a ser praticado na dinastia Yuan, acompanhando o desenvolvimento do país.

Sumiê

O sumiê é uma técnica de pintura japonesa que deriva da caligrafia chinesa dos templos budistas da dinastia Sung. As ferramentas utilizadas são: o suzuri, que consiste no recipiente onde é preparada a tinta; o kami, que é o papel de arroz utilizado como suporte; o fude, pincel feito de pelo de animal; e o sum, tinta feita de fuligem de plantas e cola. Após anos de aprendizado, o artista do sumiê desenvolve a habilidade de sintetizar, através do traço, o que apreendeu da observação da natureza. Os temas do sumiê tradicionalmente remetem ao bambu, à orquídea, à ameixeira e ao crisântemo. Apesar da tinta preta ser predominante, outras cores podem aparecer, de modo pontual, em algumas dessas pinturas.

 

Vídeos

Pintura a óleo da reprodução do quadro de Vermeer “A moça com brinco de pérola”. Passo a passo.
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Pintura acrílica. Tim Gagnon.
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Pintura acrílica. Arnold Lowery.
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Pintura afresco.
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Pintura aquarela.
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Pintura encáustica. Marcelo Tanaka.
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Pintura a guache.
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Noções sobre cor.
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Shodo. Miyu Kamamura.
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Shodo criativo.
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Shodo, técnica.
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Shodo. Masako Inkyo.
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Sumi-e, técnica.
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Pintura a têmpera.
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