Renascentistas italianos
O homem da Renascença, ou melhor, o homem do Quattrocento, ao afirmar a crença na sua própria razão, vai se libertando aos poucos dos valores supersticiosos e obscurantistas provenientes do mundo medieval. Nesse contexto, as relações macro e microcósmicas em equivalência permeiam um mundo de certezas, capaz de articular valores sociais, culturais e científicos organizados de forma harmoniosa.
Em termos artísticos, a busca da harmonia e do equilíbrio se apresenta na arquitetura de Brunelleschi (Florença), inspirada na cultura clássica. Na escultura, Donatello domina as leis da proporcionalidade já explorada pelos gregos, porém o faz de modo bem mais humanizado. E na pintura, Uccello organiza a realidade tridimensional na tela, de acordo com as leis da geometria euclidiana.
Especialmente nas telas renascentistas, a realidade ordenada e esquemática surge como produto de um olhar dirigido e mecanicamente elaborado por Alberti. Esse novo olhar é responsável pela construção de um sistema de representação cúbica, denominada perspectiva linear, no qual os objetos em correspondência são observados por um espectador fixo que define um único ponto de vista no plano.
A construção da perspectiva não ocorre de uma hora para outra. Pelo contrário, ela foi sendo elaborada ao longo de aproximadamente 50 anos de hesitações e dúvidas, entre avanços e recuos por parte dos artistas. Por exemplo, para solucionar as dificuldades das coincidências entre desenho e luz, os pintores do Quattrocento apelam para o recurso do claro-escuro, acentuando volumes em profundidade. Muitas vezes o método de representação do espaço cúbico, elaborado por Alberti, entra em conflito com a profundidade construída. A solução surge graças à presença de uma janela no interior do quadro, recurso conhecido como veduta, atuando como uma vista aberta para a natureza.
O período da Renascença italiana comporta várias fases: na primeira delas, citamos os artistas Giotto, Brunelleschi, Donatello e Uccello; na segunda, Piero della Francesca, Filippo Lippi, Bellini, Mantegna; na terceira, Fra Angelico, Ghirlandaio, Perugino, Verrochio e Carpaccio, principalmente. Na última fase, mencionamos Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael Sanzio.
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